E faz tempo que eu não atualizo isso aqui, hein?!
Levando em consideração a data do post abaixo, já tem quase 2 meses da
última atualização.. rs.
Depois de 2 meses na Índia, posso dizer que tive uma “experiência e
tanto”!!!
Saí do Brasil morrendo de medo do que ia encontrar e como as coisas
seriam. Realmente é tudo muito diferente, a cultura, os costumes, a comida, a
cidade, a higiene, a educação... TUDO diferente.
Nas primeiras 2 semanas da viagem estava no esquema de “vamos
conhecer, vamos encarar”, mas o trabalho não estava dando muita chance pra me “dedicar”
à nova cultura. Comi fast food (Mc Donald’s, Domino’s e Subway) durante este
tempo e comecei a engordar muito.
Na 3ª semana eu já estava amiga do pessoal da empresa e já comecei a
ir almoçar com eles, comida indiana, é claro. Passei as próximas 3 semanas “me
dedicando” à culinária indiana. Rs.
A famosa Dosa:
Tipo um crepre, recheado de batata bem apimentada e uns molhinhos apimentados também. Um prato bem típico da Índia. Não pode ir lá e não provar.
Momo:
Momo é tipo uma "guyoza" com MUITA² pimenta e um tempero estranho. Esse quase nos matou de tanta pimenta, ficamos com os lábios queimados, tomamos 3 copos de refigerante e acabamos jantando donut de chocolate. Rs.
Chaat:
Uma mistura de grãos, com um molho vermelho e uma coisa crocante (que lembra batata palha, mas tem gosto de nada) em cima.
Bowl:
Uma tigelinha com arroz branco (sem pimenta) embaixo e um molho com grão de bico e batata em cima. Pra acompanhar um monte de cebolas roxas (pra não perder o costume) e tomate. Pra tornar melhor, temperado com muito cuminho e anis. Hhhmm.. que delícia. #ounão
Idli:
Um "bolinho" de arroz (sem tempero e sem sal) que eles molham nesses molhos estranhos, com muita pimenta e coisas "boiando". Um prato típico do sul da Índia.
Eu estava trabalhando em um horário muito doido, de 17:30h às 02:30h,
então eu não almoçava nem tomava café da manhã... as minhas refeições se
resumiam a dois jantares e 1 “lanche”. Hahaha... já começou tudo errado!
Muitas vezes eu chegava do trabalho às 05:30, então esperava até
06:30h pra começar o café da manhã... só assim mesmo pra comer um pão com ovo com
café com leite. Rs.
O café do hotel era MUITO bom, tinha muitas opções, inclusive as mais “americans”.
Além disso tinha a parte indiana, que nós chamávamos de “balcão proibido”, por
que as comidas eram MUITO estranhas! Hahaha... Não dava pra encarar, nem com
muita força de vontade!
Tinham uns “bolinhos” boiando em molho de tomate, junto com uns “chillis”
e pedaços de frango. Oi?! Fora o “caldo de pepino”, arroz no bafo com um molho
verde (que ninguém sabia explicar o que era), pimenta com queijo gratinado e
molho chutney laranja... dentre outras “especiarias” saborosas.
Certamente a culinária foi um dos (se não o maior) desafio dessa
temporada!!!
Aprendi a comer com a mão (direita), provei coisas que jamais
imaginei! Minha salvação foi quando descobrimos que existia MIOJO e QUEIJO
QUENTE! Aí foi festa na empresa... todo mundo passou 2 semanas se alimentando
basicamente disso e, mesmo assim, era um desafio!
- Moço, eu quero um miojo, sem tempero, só com sal.
- Tá! Vou colocar um pouco de pimenta.
- Não!!! Só com sal.
- Nem o tempero de masala?
- Não!!! Não!!! Só com sal.
- Vai ficar sem gosto, vou colocar um pouco de curry.
- NÃÃÃÃOO!!! Só com sal, pelo amor de Deus! Coloca na panela água e
sal... Só isso, por favor!
- Tá, tá, tá... entendi.
E era isso todos os dias... Até que o moço da lojinha já nos conhecia
e já fazia “personalizado”. Rs.
A mesma luta era com o queijo quente, pois originalmente ele vem com
um molho chutney que é, nada mais, nada menos, um molho cheio de temperos e
muita pimenta. LE-GAL!
Nessa época todo mundo emagreceu tudo que tinha engordado nas primeiras
semanas, fora a ajuda “básica” na diarreia semanal! Rs. Toda semana tinha um
com diarreia (isso quando não estávamos todos na mesma semana)! Era uma
diversão, pois às 2h da manhã na empresa era uma luta pra achar um banheiro com
papel higiênico... eu diria um belo desafio. Rs.
Enfim, depois de tantos perrengues, todo mundo já estava “calejado” e
com muuuuuuitos “ticorps” (anticorpos) adquiridos.
A questão da higiene é muito diferente também. Eles não têm problemas em
colocar a mão na comida dos outros, pegar o canudo com a mesma mão que pegou o
dinheiro, pegar o talher pela ponta, te entregar um pedaço de chocolate na mão,
beber água em um “copo público”, só escovar dos dentes 1x por dia, não lavar o
cabelo toda SEMANA, não usar desodorante e etc.
Posso dizer que esse foi um grande desafio também... acostumar com o
cheio na sala, com as pessoas colocando a mão no seu prato de comida e com o
atendente do McDonald’s pegando o seu canudinho com a mesma mão que ele recebeu
o seu dinheiro (o canudo não tem “plástico” ou “papelzinho” em volta).
Um bom exemplo é a venda de grãos... como podem ver na foto abaixo, na maioria dos supermercados é vendido por kilo e as pessoas ignoram o fato de ter um "copo" pra pegar, elas colocam a mãozona mesmo!!! E se não quiserem mais??? Devolve pro monte, ué! Rs.
Pedir informação é uma diversão e tanto... temos que perguntar para, no
mínimo, 3 pessoas e ver qual a resposta que sai mais vezes... além de REZAR pra
duas respostas serem iguais, pois as chances de ter 3 respostas diferentes é
bem grande!!! Rs. Eles não sabem dar instruções e tem uma noção de distância
bem distorcida.
- Moço, o shopping tal é perto daqui?
- É sim, logo ali na frente!
- Ali aonde? No próximo quarteirão?
- Um pouco depois, mas é rapidinho... dá pra ir andando.
Após andar durante 30min, com sacolas pesadas, resolvemos para e
perguntar de novo.
- Moco, o shopping tal é por aqui mesmo?
- Sim. Ali na frente.
Depois de mais 15min de caminhada, a gente resolveu desistir e pegar
um taxi. O taxi andou mais uns 5min... ou seja, o shopping era LONGE PRA
CARAMBA! Rs.
Lição: nunca acredite no “logo ali” de um indiano! Rs.
Não posso só falar das coisas “ruins” da Índia!!! É um país incrível,
a religião é impressionante e cheia de detalhes sensacionais! Cada templo mais
lindo que o outro e a fé deles contagia qualquer um. Todos vão ao tempo toda
semana (e alguns até todos os dias)... cada um no seu templo, cada um com seu
Deus, mas todos frequentam. Os “cultos” religiosos são diferentes e não é
difícil você ver as pessoas “batendo” a cabeça na parede do templo pra
agradecer/pedir algo.
Uma das experiências mais marcantes da Índia foi o templo Hare Krishna que nós fomos, o ISKON Temple. Eles tem templos em quase todas as cidades da Índia e, normalmente, são enormes e muito bonitos!
Chegamos lá tinham 2 filas, uma para “locais” e uma para turistas.
Entramos na fila de turista e pagamos 500 rupias (R$ 20) para ter uma “entrada
VIP”. De fato tivemos, pois a fila dos locais era GIGANTE e nós furamos! Eram 3
templos diferentes, com 3 deuses diferentes. Pudemos ver os dois primeiros sem
enfrentar filas e ainda ficamos em um lugar mais perto da imagem.
Após visitar os dois primeiros deuses fomos para o templo principal,
onde estaram os deuses Rama e Krishna (todos os deuses são homens). Ao entrar
nesse tempo, pegamos uma fila especial onde tínhamos um local privilegiado, bem
na frente das imagens. Antes de poder sentar para observar, um funcionário (não
sei se posso chamar assim, mas é uma pessoa que “presta serviço” para o templo,
um religioso, devoto, sei lá) estava segurando uma bandeja cheia de florezinhas
e nos pediu para colocar as duas mãos sobre a bandeja e que falássemos nossos
nomes. Cada um falou seu nome e então ele começou a “rezar” algo em hindi que
não entendemos nada. Ele colocava a mão sobre a nossa mão e sobre a nossa
cabeça. Logo após isso, ele nos indicou para sentar à frente das imagens, junto
com outras 20 pessoas que já estavam lá sentadas. Assim que nos sentamos outro “funcionário”
(novamente, não me matem, mas eu não sei como posso chamar essas pessoas) pediu
para levantarmos e aí começamos a cantar uma música, batendo palma.
“Hare Kṛiṣhṇa Hare Kṛiṣhṇa
Kṛiṣhṇa Kṛiṣhṇa Hare
Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama Hare Hare”
Ficamos cantando e batendo palma enquanto o homem
passava com uma bandeja com umas flores, umas velas e uns incensos. Ele passava
a bandeja em cima das nossas cabeças pra fumaça chegar perto da gente. De
tempos em tempos ele pedia pra gente acelerar a velocidade da música e das
palmas. Ficamos ali uns 20 minutos cantando e assistindo aquele ritual.
Ao final do ritual, fomos instruídos a “passar a mão”
no fogo da vela e depois dos entregaram uma florzinha (daquelas que estavam na
bandeja que colocamos a mão no início). Saí de lá impressionada com aquela
energia, realmente foi um banho de cultura e fé. Eu consegui ver pessoas
chorando, beijando o corrimão, ajoelhando, beijando o chão, etc.
Na saída do templo tem um verdadeiro comércio de
artigos religiosos e de comidas. Não tivemos coragem de comer nada e, pra
completar, na saída do templo tinha um panelão gigante com uma “papa”
(gororoba, em um português mais claro) que eles serviam em uma cumbuquinha
feita de folha de bananeira. Todos os fiéis/devotos pegavam um pouco daquilo e
comiam. Pra variar, nós não tivemos coragem, pois a cara não era nada
convidativa. Rs.
Depois de alguns dias, comentando com o pessoal da
minha turma, eles me explicaram que aquilo era uma “comida sagrada” e que todo
mundo que ia ao templo deveria comer aquilo na saída. Cada templo tem sua “especiaria”
e todos devem comer assim que saírem do templo. Impressionante, não?!
Dentro do templo não pode tirar fotos, então só tenho essas fotos:
Essas 2 meses na Índia foram únicos!!! Além do
reconhecimento no trabalho, o lado “pessoal” foi enriquecido com um banho de
cultura!!!
Depois escrevo mais sobre os “grandes casos” da awesome
Índia! Rs.
Beijos,