10 de maio de 2013

Cuidado com o "tuc-tuc guy"


Passamos por algumas situações na Índia que jamais imaginamos! Rs.

No texto anterior eu contei a história do “logo ali” do indiano e isso nos rendeu boas risadas!!!
Um sábado qualquer fomos na “Comercial Street”, uma rua para comprar “bugingangas” indianas como enfeites de casa, tapetes, echarpes, sapatos, brincos, etc. E depois queríamos ir em um shopping chamado MG1 que ficava perto de lá.

Essa é a Commercial Street:


Pedimos informação para a primeira pessoa e ele nos disse para seguir andando em tal direção que seria pertinho. Então começamos a andar cheios de sacolas e peso nas mãos. Andamos, andamos, andamos, andamos, paramos para descansar os dedos, andamos, andamos... aí resolvemos parar para perguntar para outra pessoa e recebemos a mesma informação “É ali na frente, já tá perto”.
Continuamos a andar e nada do shopping chegar. Eu já estava com dor nos dedos, morrendo de sede e com o olho ardendo da poeira, então, milagrosamente, um menino que estava com a gente começou a conversar com um motorista de tuc-tuc que apareceu do nada na nossa frente. O motorista disse: “Nãããoo!!! Esse shopping só abre 17h e ainda são 15h. Além do mais, está longe e vocês vão ter que andar um bocado ainda.” Nesta hora todo mundo se olhou, pensou e teve vontade de chorar de tanta felicidade! Rs.

Esse era o nosso "tuc-tuc guy": 


Então o camarada se ofereceu pra levar a gente pra almoçar em um McDonald’s ali perto e depois trazia a gente de volta para o shopping, às 17h. Aquilo nos pareceu MUITO bom e então aceitamos!!!
Fomos para o McDonald’s, comemos e ficamos mais felizes. Na saída tivemos o seguinte diálogo com o motorista:
- Agora vou levar vocês em uma loja tal pra vocês verem os enfeites, tapetes, etc etc, e depois podemos ir para o shopping.
- Não amigo! Leva a gente direto para o shopping, por favor.
- Não! Eu vou levar vocês na loja!
- A gente não quer ir à loja, queremos ir para o shopping.
- Tudo bem, vocês não precisam comprar, mas eu vou levar vocês na loja.
- Amigo, você não entendeu. Não queremos ir à loja.
- Tudo bem, eu entendi. Vamos pra loja e depois para o shopping.
O resultado é que fomos vencidos pelo cansaço!!! Desisti de discutir com o cara, até por que se eu discutisse muito com ele estaríamos correndo um grande risco de ser levado para um lugar estranho que não conhecíamos. Rs.

Fomos para a tal loja, entramos, vimos tudo e não compramos nada.

Algumas coisas que vendiam nessa loja:
(coisas LINDAS, mas já tava todo mundo atolado de coisas)


Ao final, já era mais de 17h e, então, o cara aceitou nos levar para o shopping. No caminho de volta eu comecei a achar estranho, pois estávamos pegando o mesmo caminho que fizemos andando.  Chegamos exatamente no lugar que o “tuc-tuc guy” nos abordou (continuei achando estranho) e aí ele andou mais 1min e chegou no shopping.
OU SEJA, estávamos do ladinho do shopping quando o “tuc-tuc guy” nos abordou e disse que a gente ainda teria que andar muito. *RAIVA 1*

Enquanto passávamos pelo Raio X e a mulher olhava a minha bolsa* tivemos a brilhante ideia de perguntar:
- Moça, que horas o shopping abre?
- A partir das 10h da manhã, senhora.
- Hoje também? Sábado e domingo?
- Sim! Todos os dias, senhora.
*RAIVA 2*

Resumo do dia: Andamos quase 3km, chegamos pertinho do shopping, fomos abordados por um motorista de tuc-tuc que nos levou para longe do shopping alegando que o tal só abriria às 17h. Tivemos que ir à tal loja que ele ganha comissão para levar os “turistas mongoloides” e depois voltamos para o shopping, que estava aberto desde o início.
LE-GAL.

Lição: Nunca aceite uma proposta de um “tuc-tuc guy” que diz querer “te ajudar”. Normalmente eles vêm com um preço muuuuuito camarada, dizendo que pode te levar pra lá e pra cá, que você só precisa pagar no final e vai ser muito barato! Quando isso acontecer, significa que ele vai te levar em umas 2/3 lojas que ele ganha comissão e os vendedores dessas lojas vão tentar te empurrar TUDO que você possa imaginar. Se você não compra eles ficam de mal humor e te tratam mal.


*Na entrada de todas as lojas, restaurantes, hotéis, shoppings, empresas, etc, na Índia tem um detector de metais e uma pessoa revistando bolsas, mochilas, malas, etc. Acho que é uma segurança contra “homens-bomba”. Rs.

9 de maio de 2013

Mais um pouco da Índia...


E faz tempo que eu não atualizo isso aqui, hein?!
Levando em consideração a data do post abaixo, já tem quase 2 meses da última atualização.. rs.

Depois de 2 meses na Índia, posso dizer que tive uma “experiência e tanto”!!!

Saí do Brasil morrendo de medo do que ia encontrar e como as coisas seriam. Realmente é tudo muito diferente, a cultura, os costumes, a comida, a cidade, a higiene, a educação... TUDO diferente.

Nas primeiras 2 semanas da viagem estava no esquema de “vamos conhecer, vamos encarar”, mas o trabalho não estava dando muita chance pra me “dedicar” à nova cultura. Comi fast food (Mc Donald’s, Domino’s e Subway) durante este tempo e comecei a engordar muito.
Na 3ª semana eu já estava amiga do pessoal da empresa e já comecei a ir almoçar com eles, comida indiana, é claro. Passei as próximas 3 semanas “me dedicando” à culinária indiana. Rs.

A famosa Dosa:
Tipo um crepre, recheado de batata bem apimentada e uns molhinhos apimentados também. Um prato bem típico da Índia. Não pode ir lá e não provar.

Momo:
Momo é tipo uma "guyoza" com MUITA² pimenta e um tempero estranho. Esse quase nos matou de tanta pimenta, ficamos com os lábios queimados, tomamos 3 copos de refigerante e acabamos jantando donut de chocolate. Rs.

Chaat:
Uma mistura de grãos, com um molho vermelho e uma coisa crocante (que lembra batata palha, mas tem gosto de nada) em cima. 

Bowl:
Uma tigelinha com arroz branco (sem pimenta) embaixo e um molho com grão de bico e batata em cima. Pra acompanhar um monte de cebolas roxas (pra não perder o costume) e tomate. Pra tornar melhor, temperado com muito cuminho e anis. Hhhmm.. que delícia. #ounão 

Idli:
Um "bolinho" de arroz (sem tempero e sem sal) que eles molham nesses molhos estranhos, com muita pimenta e coisas "boiando". Um prato típico do sul da Índia. 


Eu estava trabalhando em um horário muito doido, de 17:30h às 02:30h, então eu não almoçava nem tomava café da manhã... as minhas refeições se resumiam a dois jantares e 1 “lanche”. Hahaha... já começou tudo errado!
Muitas vezes eu chegava do trabalho às 05:30, então esperava até 06:30h pra começar o café da manhã... só assim mesmo pra comer um pão com ovo com café com leite. Rs.
O café do hotel era MUITO bom, tinha muitas opções, inclusive as mais “americans”. Além disso tinha a parte indiana, que nós chamávamos de “balcão proibido”, por que as comidas eram MUITO estranhas! Hahaha... Não dava pra encarar, nem com muita força de vontade!
Tinham uns “bolinhos” boiando em molho de tomate, junto com uns “chillis” e pedaços de frango. Oi?! Fora o “caldo de pepino”, arroz no bafo com um molho verde (que ninguém sabia explicar o que era), pimenta com queijo gratinado e molho chutney laranja... dentre outras “especiarias” saborosas.

Certamente a culinária foi um dos (se não o maior) desafio dessa temporada!!!
Aprendi a comer com a mão (direita), provei coisas que jamais imaginei! Minha salvação foi quando descobrimos que existia MIOJO e QUEIJO QUENTE! Aí foi festa na empresa... todo mundo passou 2 semanas se alimentando basicamente disso e, mesmo assim, era um desafio!
- Moço, eu quero um miojo, sem tempero, só com sal.
- Tá! Vou colocar um pouco de pimenta.
- Não!!! Só com sal.
- Nem o tempero de masala?
- Não!!! Não!!! Só com sal.
- Vai ficar sem gosto, vou colocar um pouco de curry.
- NÃÃÃÃOO!!! Só com sal, pelo amor de Deus! Coloca na panela água e sal... Só isso, por favor!
- Tá, tá, tá... entendi.
E era isso todos os dias... Até que o moço da lojinha já nos conhecia e já fazia “personalizado”. Rs.
A mesma luta era com o queijo quente, pois originalmente ele vem com um molho chutney que é, nada mais, nada menos, um molho cheio de temperos e muita pimenta. LE-GAL!

Nessa época todo mundo emagreceu tudo que tinha engordado nas primeiras semanas, fora a ajuda “básica” na diarreia semanal! Rs. Toda semana tinha um com diarreia (isso quando não estávamos todos na mesma semana)! Era uma diversão, pois às 2h da manhã na empresa era uma luta pra achar um banheiro com papel higiênico... eu diria um belo desafio. Rs.

Enfim, depois de tantos perrengues, todo mundo já estava “calejado” e com muuuuuuitos “ticorps” (anticorpos) adquiridos.

A questão da higiene é muito diferente também. Eles não têm problemas em colocar a mão na comida dos outros, pegar o canudo com a mesma mão que pegou o dinheiro, pegar o talher pela ponta, te entregar um pedaço de chocolate na mão, beber água em um “copo público”, só escovar dos dentes 1x por dia, não lavar o cabelo toda SEMANA, não usar desodorante e etc.
Posso dizer que esse foi um grande desafio também... acostumar com o cheio na sala, com as pessoas colocando a mão no seu prato de comida e com o atendente do McDonald’s pegando o seu canudinho com a mesma mão que ele recebeu o seu dinheiro (o canudo não tem “plástico” ou “papelzinho” em volta).

Um bom exemplo é a venda de grãos... como podem ver na foto abaixo, na maioria dos supermercados é vendido por kilo e as pessoas ignoram o fato de ter um "copo" pra pegar, elas colocam a mãozona mesmo!!! E se não quiserem mais??? Devolve pro monte, ué! Rs.



Pedir informação é uma diversão e tanto... temos que perguntar para, no mínimo, 3 pessoas e ver qual a resposta que sai mais vezes... além de REZAR pra duas respostas serem iguais, pois as chances de ter 3 respostas diferentes é bem grande!!! Rs. Eles não sabem dar instruções e tem uma noção de distância bem distorcida.
- Moço, o shopping tal é perto daqui?
- É sim, logo ali na frente!
- Ali aonde? No próximo quarteirão?
- Um pouco depois, mas é rapidinho... dá pra ir andando.
Após andar durante 30min, com sacolas pesadas, resolvemos para e perguntar de novo.
- Moco, o shopping tal é por aqui mesmo?
- Sim. Ali na frente.
Depois de mais 15min de caminhada, a gente resolveu desistir e pegar um taxi. O taxi andou mais uns 5min... ou seja, o shopping era LONGE PRA CARAMBA! Rs.
Lição: nunca acredite no “logo ali” de um indiano! Rs.



Não posso só falar das coisas “ruins” da Índia!!! É um país incrível, a religião é impressionante e cheia de detalhes sensacionais! Cada templo mais lindo que o outro e a fé deles contagia qualquer um. Todos vão ao tempo toda semana (e alguns até todos os dias)... cada um no seu templo, cada um com seu Deus, mas todos frequentam. Os “cultos” religiosos são diferentes e não é difícil você ver as pessoas “batendo” a cabeça na parede do templo pra agradecer/pedir algo.

Uma das experiências mais marcantes da Índia foi o templo Hare Krishna que nós fomos, o ISKON Temple. Eles tem templos em quase todas as cidades da Índia e, normalmente, são enormes e muito bonitos!
Chegamos lá tinham 2 filas, uma para “locais” e uma para turistas. Entramos na fila de turista e pagamos 500 rupias (R$ 20) para ter uma “entrada VIP”. De fato tivemos, pois a fila dos locais era GIGANTE e nós furamos! Eram 3 templos diferentes, com 3 deuses diferentes. Pudemos ver os dois primeiros sem enfrentar filas e ainda ficamos em um lugar mais perto da imagem.
Após visitar os dois primeiros deuses fomos para o templo principal, onde estaram os deuses Rama e Krishna (todos os deuses são homens). Ao entrar nesse tempo, pegamos uma fila especial onde tínhamos um local privilegiado, bem na frente das imagens. Antes de poder sentar para observar, um funcionário (não sei se posso chamar assim, mas é uma pessoa que “presta serviço” para o templo, um religioso, devoto, sei lá) estava segurando uma bandeja cheia de florezinhas e nos pediu para colocar as duas mãos sobre a bandeja e que falássemos nossos nomes. Cada um falou seu nome e então ele começou a “rezar” algo em hindi que não entendemos nada. Ele colocava a mão sobre a nossa mão e sobre a nossa cabeça. Logo após isso, ele nos indicou para sentar à frente das imagens, junto com outras 20 pessoas que já estavam lá sentadas. Assim que nos sentamos outro “funcionário” (novamente, não me matem, mas eu não sei como posso chamar essas pessoas) pediu para levantarmos e aí começamos a cantar uma música, batendo palma.

“Hare Kṛiṣhṇa Hare Kṛiṣhṇa
Kṛiṣhṇa Kṛiṣhṇa Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama Hare Hare”

Ficamos cantando e batendo palma enquanto o homem passava com uma bandeja com umas flores, umas velas e uns incensos. Ele passava a bandeja em cima das nossas cabeças pra fumaça chegar perto da gente. De tempos em tempos ele pedia pra gente acelerar a velocidade da música e das palmas. Ficamos ali uns 20 minutos cantando e assistindo aquele ritual.
Ao final do ritual, fomos instruídos a “passar a mão” no fogo da vela e depois dos entregaram uma florzinha (daquelas que estavam na bandeja que colocamos a mão no início). Saí de lá impressionada com aquela energia, realmente foi um banho de cultura e fé. Eu consegui ver pessoas chorando, beijando o corrimão, ajoelhando, beijando o chão, etc.
Na saída do templo tem um verdadeiro comércio de artigos religiosos e de comidas. Não tivemos coragem de comer nada e, pra completar, na saída do templo tinha um panelão gigante com uma “papa” (gororoba, em um português mais claro) que eles serviam em uma cumbuquinha feita de folha de bananeira. Todos os fiéis/devotos pegavam um pouco daquilo e comiam. Pra variar, nós não tivemos coragem, pois a cara não era nada convidativa. Rs.
Depois de alguns dias, comentando com o pessoal da minha turma, eles me explicaram que aquilo era uma “comida sagrada” e que todo mundo que ia ao templo deveria comer aquilo na saída. Cada templo tem sua “especiaria” e todos devem comer assim que saírem do templo. Impressionante, não?!

Dentro do templo não pode tirar fotos, então só tenho essas fotos:






Essas 2 meses na Índia foram únicos!!! Além do reconhecimento no trabalho, o lado “pessoal” foi enriquecido com um banho de cultura!!!

Depois escrevo mais sobre os “grandes casos” da awesome Índia! Rs.

Beijos,