Irmão é uma coisa engraçada. Um
estranho que você ama mesmo antes de você nascer.
Aquele que vai roubar seus
brinquedos, bagunçar seu quarto, comer seu Danoninho, implicar até você se irritar,
brigar com você, falar que você é adotado, zuar quando você ficar de castigo,
rir quando você tirar nota baixa e ele não... Mas também é aquele que vai te defender
com unhas e dentes, te ajudar com qualquer coisa que você precisar, rir com
você, enxugar suas lágrimas, comemorar suas conquistas, guardar seus segredos,
brincar de coisas idiotas, fazer merda e esconder dos pais, dividir o
chocolate, deixar você comer a última batata frita e te amar até o final.
O meu irmão mais velho (2,5 anos
de diferença) sempre foi “o mais chato”. Sempre brigamos muito, eu implicava
com ele e depois corria em volta da mesa de jantar pra não levar uma surra. Quando
ele conseguia me pegar era um “Deus nos acuda”. Xinga daqui, grita dali, soco,
tapa, mordida, chutes no ar... até chegar alguém e colocar os dois de castigo.
Depois de 10 minutos de castigo já estávamos nos comunicando através das
paredes do quarto, combinando de brincar disso ou daquilo ou, até, de fingir
que já estávamos amigos só pra sair do castigo. Até na hora de continuarmos “inimigos”
nós éramos amigos.
Ele já me entregou sobre uma
festa escondida da minha mãe, eu já entreguei segredos dele também. Já rimos
com a “desgraça” um do outro, mas como, realmente, seria a nossa vida sem um ao
outro? Não consigo imaginar.
Depois de velho percebemos que os
nossos irmãos são diferentes daquele que eram quando crianças. Eles já não
implicam, não riem da sua desgraça, não revelam seus segredos, não pedem pra
você esquecer que eles existem. Depois de velho os irmãos se tornam, de fato,
nossos melhores amigos. Aqueles com que poderemos contar PRA SEMPRE e PRA TUDO.
Comigo não foi diferente.
Com a pirralha (17 anos mais
nova) já foi diferente. Eu estava fazendo intercâmbio quando minha mãe ligou e
contou que estava grávida. Naquele momento eu já comecei a amar um “ser” que
nem existia direito.
Quando voltei de viagem meu quarto tinha um trocador, um berço,
um “mini-armário” e alguns brinquedinhos. Nossa! Acho que 11 meses foi o
bastante pra tudo mudar nessa casa. Mas o melhor estava por vir... Minha mãe
não foi me buscar no aeroporto, pois estava recém operada. Quando cheguei em
casa, fui direto procurar por ela e a encontrei sentada em uma cadeira de
balanço dando de mamar a uma criança, minha irmã. Foi uma sensação inexplicável
e que jamais vou esquecer. Viajei como a caçulinha e voltei como a “irmã do
meio”. Que evolução!
Essa criança, hoje em dia, é a
mascote da família, a mini-pessoa mais amada da casa. Por mais que ela seja 17
anos mais nova que eu, não posso deixar de implicar, dar susto, brigar,
discutir, dizer que ela é adotada, comer o último Danoninho, beber a água que
ela acabou de colocar no copo, etc... faz parte! Ela nunca vai ter um irmão da
mesma idade dela, então os mais velhos (muuuuito mais velhos) precisam fazer
esse papel. Rs. Mas confesso que eu cuido e amo muito mais do que implico.
Implicar é só hobbie. Rs.
Ela é tão diferente de todos nós
da casa. Somos muito “frios” uns com os outros e ela é uma manteiga derretida.
Não temos o costume de falar “Eu te amo”, já ela grita isso aos 4 ventos,
sempre que pode e pra quem ela realmente ama. Não economiza os apelidos, não
dorme sem dar um beijo e um abraço de boa noite em todo mundo e, aos finais de
semana, também nos acorda com um beijo e abraço de bom dia. Se deixar, passa o
dia inteiro na cama “de chamego”, pede pra você buscar sorvete a cada 5 minutos
e não pára com o “Biba, olha o que eu sei fazer!”, apresentando mais uma “marmota”
inventada.
Tenho dois irmãos completamente
diferentes, mas amo eles da mesma forma: incondicionalmente!
<3