30 de junho de 2017

Episódio de Hoje: O Cabelo Verde

E tudo começou com uma viagem pra NYC, onde pintei meu cabelo de roxo e ele desbotou, ficando com umas mechas esverdeadas. Aí eu decidi “retocar” a cor pra ficar, pelo menos, mais alegre. *ha ha ha*
Então passei um shampoo pra tingir de azul/verde esperando que não fosse pegar MUUUITO, mas que ficasse uma coisa meio “tonalizado”. Quando lavei o cabelo, ele estava com mechas completamente verdes. Muito verde. Super verde.

Caí na gargalhada, tirei algumas fotos e pensei: "Ferrou! Não posso ir trabalhar com esse cabelo."

Nesse momento o Ricardo estava dormindo no sofá e fui pra lá sem falar nada, só sentei e fiquei assistindo série. Em um determinado momento ele acordou, olhou pra mim e soltou um "Nossa! Tá muito verde!" e voltou a dormir. Ha ha ha.
Mandei a foto pra algumas pessoas e os comentários se dividiram entre: “Nossa, tá zuado!”, “Nossa! Ficou lindo!”, “Uau.. vc é louca! Vc vai trabalhar com esse cabelo?”, “Não acredito...” e assim foi... Como eu pintei no sábado à noite, tive o domingo todo para refletir sobre esse assunto e, no final, eu decidi que iria tirar a cor pra ir trabalhar.

Eu trouxe o shampoo que tonaliza e o shampoo que tira a cor (caso alguma coisa desse errado). Então na 2ª de manhã eu entrei no chuveiro com o shampoo para tirar a cor, mas só naquele momento eu parei pra ler as famosas “instruções de uso” e percebi que tinha que aplicar o negócio e deixar agir por uns 20-30 min. *Fiquei uns segundos olhando a caixa, sem reação.* Eu tinha 30min pra tomar banho, me arrumar e chegar ao trabalho, ou seja, ferrou! Respirei fundo e falei pro Ricardo: “Bom, acho que vamos ter que ir trabalhar de cabelo verde mesmo.”
Ele olhou pra minha cara e não precisou falar nada... eu já tinha entendido o recado.

Terminei o banho, coloquei uma roupa social, tirei uma foto pra registrar aquele momento e fui pro trabalho. No elevador olhei meu cabelo e já tomei a decisão de prender parte dele, pq solto estava *muito verde*. Hahaha.

Cheguei ao trabalho com o cabelo meio preso e me perguntaram "Gabi, você escureceu o cabelo?" e eu respondi (já soltando ele todo) "Não. Pintei de verde!". As pessoas da minha área tiveram uma reação de "Você é doida mesmo, né? Mas tá maneiro.", mas o mais legal mesmo foi no dia-a-dia... Afinal, eu não mandei um comunicado geral falando "Prezados, a partir de hoje estou com o cabelo verde.", então as pessoas iam descobrindo e tendo as reações mais engraçadas.

Essa situação me fez parar para refletir sobre os padrões da sociedade e os "grupos" que são criados para definir as pessoas. Pra mim ficou muito claro que as pessoas não esperam que uma "patricinha" tenha cabelos coloridos. Temos alguns padrões e grupos em que nós enquadramos as pessoas e esperamos um determinado comportamento.
"Essa menina é hippie."
"Essa menina é patricinha."
"Esse cara é punk."
"Esse cara é filhinho de papai."

E eu assumo que até eu tive preconceito com o meu novo look, quando pensei que "Não dá pra ir trabalhar com esse cabelo." Mas aí eu não tive escolha e vim trabalhar com ele. E depois eu vi que isso tudo é uma besteira. Me diverti com o meu cabelo verde.

Para quem não viu minhas mechas verdes:






E como eu adoro filosofar sobre as coisas da vida, segue minha análise da situação:

O que aconteceu foi que eu tive um comportamento "não apropriado" ao grupo imaginário ao qual eu pertenço e isso causou estranheza (e julgamento) nas pessoas. As caras que elas fazem olhando o meu scarpin de salto fino e meu cabelo verde são hilárias. Dá pra ler o pensamento de "Isso não tá fazendo sentido." Várias já vieram me perguntar se vai sair, se é temporário...

Todos os dias nós colocamos pessoas em caixinhas, para "facilitar" a nossa interpretação e julgamento sobre elas, mas não paramos para conversar e conhecer, de fato, quem ela é, quais são seus valores, história de vida, etc. Ainda julgamos as pessoas pela aparência, sotaque, manias, etc., mas cada vez mais isso está sendo desconstruído. *luz no fim do túnel* A diversidade é um assunto recorrente nas empresas e escolas, mas será que realmente estamos praticando a diversidade ou apenas "indo com a maré?".

A mudança de mentalidade é demorada, trabalhosa e dolorosa. Tivemos aaaaanos de caminhada para chegar até aqui e não vai ser em meses que vamos mudar, mas precisamos começar de alguma forma, não é mesmo?

Para refletir um pouco mais sobre esse assunto, deixo aqui um vídeo que eu assisti num curso da Perestroika e é, simplesmente, maravilhoso!



Vamos nos conectar mais e rotular menos!

Beijos, fui (com o meu cabelo verde)!


Nenhum comentário:

Postar um comentário